
F.C. Porto - V. Setúbal, 2-0
CN, 13.ª Jornada.
16-Dez-73
Local: Estádio das Antas, no Porto.
Árbitro: Porém Luís (Leiria).
Golos: 1-0, Abel (7 m); 2-0, Marco Aurélio (25 m).
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F.C. Porto: ► Tibi — Rodolfo, Ronaldo, Rolando, e Guedes — Pavão (Vieira Nunes, 13‘), Marco Aurélio, e Bené — Oliveira, Abel, e Nóbrega.
► Treinador: Béla Gutmann.
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V. Setúbal: ► Joaquim Torres — Rebelo, Carlos Cardoso, José Mendes, e Lino — Octávio, Matine (Vicente, 60‘), e José Maria — Campora (José Torres, 46‘), Duda, e Jacinto João.
► Treinador: José Maria Pedroto.
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Texto:
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Era o dia 16 de Dezembro de 1973 – já lá vão 32 anos – e jogava-se a 13.ª jornada do Campeonato Nacional. Nesse dia jogavam nas Antas o F.C. Porto de Béla Gutmann e o Vitória de Setúbal de José Maria Pedroto. O Abel inaugura o marcador para o F.C. Porto logo ao minuto 7 e começa-se a criar um ambiente festivo no estádio, pois o V. Setúbal era um adversário de luxo e um dos mais sérios candidates ao títlo de Campeão Nacional. Uma vitória sobre a turma sadina seria tida como um grande resultado.
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De repente, uns minutos mais tarde, Pavão [Cromo n.º 63 – Pavão, «OCromo dos Cromos»] faz um passe para Oliveira e estatela-se no relvado. Logo a seguir o jogo pára para que seja socorrido o jogador que está caído no terreno de jogo. Consta-se que quando o médico do F.C. Porto, Dr. José Santana, se aproxima do jogador verifica que ele está em estado de coma. Os outros jogadores não se aperceberam disso – e o público também não – e, claro, ninguém se alarma com a ocurrência. Pouco depois o jogo prossegue.
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Seguidamente, o jogador é transportado de emergência para o hospital de São João porque a situação é considerada grave. No hospital, todas as tentativas feitas para o reanimar não são bem sucedidas e o jogador não sobrevive. Tudo aconteceu relativamente rápido, que durante o intervalo do jogo, já alguns elementos da turma portista haviam recebido a trágica notícia. Ao que se consta, os jogadores suplentes do F.C. Porto já estavam inteirados da ocurrência antes de regressarem ao banco para o reinício da 2.ª parte.
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Contudo, todos os que da notícia sabiam, trataram de a manter em segredo para que o jogo chegasse ao fim sem que o público entrasse em qualquer tipo de comportamento que levasse à necessidade de cuidados ou intervenções de emergência. Ao intervalo, os altifalantes anunciaram que se tratava de uma congestão, na tentative de manter o público sereno e compenetrado no jogo.
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Quando o jogo terminou, percebia-se que o público não estava convencido que tudo estivesse bem com o Pavão, o grande ídolo de todos os portistas. Alguns minutos a seguir ao apito final, alguém – não tenho conhecimento de quem tenha sido – em voz alta, vindo de dentro das instalações do estádio, deu a conhecer que o Pavão havia falecido. A vitória alcançada pela equipa nesse dia não foi festejada. Em seu lugar jogadores, dirigentes e público abandonaram o estádio em lágrimas, e tentando se consolar uns aos outros. Foram momentos dolorosos para todos os que viveram essas horas, que por certo foram horas que se prolongaram pelo tempo fora. Esse foi, com toda a certeza, o momento mais triste e doloroso da história desse recinto.
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Fernando Pascoal das Neves «Pavão», jamais serás esquecido. Por mim, tenho a infinita pena de nunca te ter visto jogar, mas pelo que tenho ouvido sobre ti, tu eras um autêntico génio da bola. Felizmente, eu sei que houve muitos, mesmo muitos, que se deliciaram com o teu futebol. A tua memória perdurará pelos tempos.
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Obrigado pelo teu futebol,
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Quinas
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